O título “O manifesto dos bichos nojentos” de Sandrina Martins tem o apelo que se quer, já que esconde duas perguntas: “Qual é a razão do manifesto?” e “Será que estamos interessados nas preocupações destes “bichos nojentos”?
Desde o início que nos é explicado que estes insetos provocam “gritaria, arrepios, desmaios / e, alguns trambolhões!”, mas o leitor não desiste, enche-se de coragem e vai à descoberta deste manifesto, pensando, com ingenuidade, que a opinião e a caracterização destes “bichos” (“nojentos”) não vai mudar por causa de uma simples exposição escrita num documento selado.
A razão da reunião é fácil de adivinhar: precisam de relembrar ao Homem que são uma parte do ecossistema.
A resposta à segunda pergunta é bem mais pessoal e só se responde depois de se ler a obra.
No final, entendemos que os nossos olhos só veem uma parte do todo. Na Natureza, somos todos essenciais com funções bem determinadas. Há muitas diferenças entre nós e eles. Não as vamos aqui enumerar, mas a principal é que os bichos, bichinhos e bicharocos cumprem sempre a sua missão, já o ser humano vive esquecimentos repetidos no cumprimento do “ser essencial” a bem da humanidade.
Como proposta musical, temos Louis Armstrong, “What a wonderful world” e não é que tem razão? Era tão melhor se todos contribuíssem para a beleza geral e não individual.