E aproxima-se o dia 14 de fevereiro que é antes do dia 15 e que sucede ao dia 13. Estão os mais perspicazes a sorrir pelo canto da boca, porque adivinham que vem a referência inevitável ao Dia dos Namorados. O sorriso que esboçam reproduz o seguinte pensamento: “Nem eles conseguiram resistir a esta comemoração comercial!”. Permitam-nos explicar o que se passa, mas, por favor, mantenham o sorriso.
Fomos espreitar os nossos escritores e deslindar o que se passava nos seus corações quando confrontados com este sentimento e assumiam ser autores sem inventar nenhum narrador.
Feita a investigação literária, estamos prontos para transmitir as nossas conclusões através da seguinte organização emocional com uma sugestão musical diferente para cada momento, claro.
Primeira fase – A Paixão que António Lobo Antunes define na crónica “Uma história de amor” (clicar no título para ler na íntegra) da seguinte maneira “[…]e passei para aí um ano inteiro a derreter-me de amor, a pensar nela no elétrico, no liceu, em casa, às vezes de lagriminha a arder-me no canto do olho – (a paixão dói para burro)”. Rui Veloso, “A Paixão“.
Segunda fase – A Vontade em que, por exemplo, José Saramago entende que “Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.” Heróis do Mar “Só gosto de ti”.
Terceira fase – A Constatação que advém da coragem que se sente quando já não é um segredo e que Alexandre O’Neill exprime assim: “O amor é o amor – e depois?! /Vamos ficar os dois / a imaginar, a imaginar?…”HMB ft Carminho “O amor é assim”.
Quarta fase – O Pedido que se faz por sentir confiança na pessoa que despoletou todo este turbilhão de sentimentos. Lord Byron exige a Teresa Guiccioli (1819): “Ama-me – não como eu te amo, pois te sentirias muito infeliz; não me ames como eu mereço, pois não seria o bastante – ama-me como te ordena o coração.” The Gift “Primavera”.
Quinta fase – O Bem-querer que Almeida Garrett transforma em palavras com “Ai! Não te amo, não; e só te quero” do poema “Não te amo”. Xutos & Pontapés “Circo de Feras”.
Finalmente, esperamos que todos possam dizer como Fernando Pessoa a Ofélia Queiroz numa carta de 5 de abril de 1920: “Um beijo só durando todo o tempo que ainda o mundo tem que durar, do teu, sempre e muito teu.”
Ainda a sorrir?