É a vida em palavras

A poesia é um dos géneros literários que causa mais arrepios por duas razões: ou se gosta muito ou não se gosta nada. É assim mesmo, não há meio-termo. A poesia é uma forma de escrita que baralha as palavras de tal maneira que para alguns é uma arte sem definição terminada e para outros é quase como se fosse um código extremamente elaborado.

 Não pretendemos convencer ninguém a aproximar-se da poesia, porque é uma decisão pessoal e nós não somos adeptos do “Tens que gostar!”. No entanto, podemos apresentar pequenos argumentos que possam provar que o Poeta usa as palavras como se de um Maestro se tratasse. Temos que ler para ouvir alguns versos retratarem com delicadeza e coragem as emoções que guardamos para nós.       

Lawrence Ferlinghetti (19-03-1919 / 22-02-2021), poeta, editor e pintor americano da Geração Beat (representação de uma vontade de contrariar o estabelecido através da escrita impulsiva, da intensidade narrativa, da linguagem informal) deixa uma obra considerável. 

Partilhamos um excerto de um poema da coletânea “Endless Life: Selected Poems”, em que destacamos os seguintes versos: “Infinda a esplêndida vida do mundo /Infindos seus lindos seus vivos seus vívidos / seus lindos seres vivos /ouvindo e vendo pensando e sentindo”(clicar nos versos para ler o poema na íntegra). A palavra “Infinda” repetida dá ritmo às palavras para que se tenha consciência da continuidade. É “esplendida” este entendimento do viver em que basta ver e reconhecer o som do que se pensa e do que se sente para entender que os limites que existem somos nós que os criamos.

Para este poema, só temos uma sugestão: “Águas de março(clicar no título) com Elis Regina e Tom Jobim. Aqui também somos levados pela melodia a aceitar que os instantes mais simples são os que nos oferecem uma visão feliz.

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