Olá! É melhor já ter ao pé de vocês a obra Os Maias de Eça de Queirós, Capítulo VI, e clicar no título da canção do grupo UHF “Matas-me com o teu olhar”.
Estão prontos? Perfeito.
Vamos recordar Alencar. Sim, este grande poeta do romantismo português que se opõe ao João da Ega (com ideias realistas/naturalistas).
Alencar tomou-se de amores pela mulher do banqueiro, Beatriz, que era divina, provocando neste apaixonado os seguintes versos «Abril chegou! Sê minha /Dizia o vento à rosa”. Aliás, o seu orgulho poético era tão grande que até os publicou no Diário Nacional e afirmava no Jantar do Hotel Central: “Não me saiu mau! Aqui há uma maliciazinha: Abril chegou, sê minha… Mas logo: dizia o vento à rosa. -Compreendes? Calhou bem este efeito.” Uma “maliciazinha” deliciosa para Alencar, tão subtil e encantadora que porventura poderia fazer corar a destinatária.
Naquela época expunham-se os sentimentos no jornal para todos os leitores adivinharem ou deduzirem a quem eram dedicadas as palavras. Se Alencar fosse uma versão mais moderna do amante platónico, poderia escrever nas redes sociais “Ouve a voz do coração/ Matas-me com o teu olhar / Matas-me com o teu olhar” – UHF-, dando um ar malicioso mais intenso.
Agora, podemos nos atrever a misturar os fios do tempo e deixar que Alencar com os UHF diga:
Ouve o coração!
Abril chegou!
Sê minha, como o vento dizia à rosa.
Porque matas-me com o teu olhar!
Matas-me com o teu olhar!
Quem poderia resistir?