By Noticias, PNL

 A obra dramática de Almeida Garrett (1799-1854), “Falar a Verdade a Mentir” tem um dos títulos mais surpreendentes que uma obra maior pode pretender. Sim, assim é, porque se tomarmos atenção podemos colocar a seguinte questão: como é que se pode tentar ser sincero ao enunciar uma mentira?

 A personagem Duarte Guedes, noivo de Amália, assume preferir os devaneios que imagina para a sua vida, já que, no seu entender, a realidade não é assim tão interessante. Fantasia atrás de fantasia (melhor palavra do que “mentira”) consegue alcançar os seus objetivos e merece. Ah, claro que merece! É um mentiroso honesto. Explicamos: mente em consciência. Esta decisão leva-o a viver situações de muita angústia e não porque está arrependido mas sobretudo porque tem medo de ser descoberto e não poder casar com a sua escolhida.

                     A seleção musical recai sobre Dani Martin, La Mentira (clicar no título). Ora vejamos uns excertos “Com la sorrisa que Dios me ha dado/ Y mi manera de caminhar / […] Mira cómo soy perfecto / Mentira, mi vida es una mentira y me la inventé […]”. Estes versos descrevem perfeitamente Duarte, herói inteligente com um sorriso encantador, uma postura exterior irrepreensível, tudo para controlar o melhor que pode a opinião que os outros têm dele.

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