Assumir que há mais em nós do que é visível aos outros não é fácil. Até porque sermos mais é o que menos interessa a muitos…Mas ser-se só um, quando se pode viver vários de nós, parece um desperdício enorme. Se não se tem coragem para ocupar o seu momento de vida na sua plenitude, chega-se ao fim com um sentimento de se ter sido incompleto.
Num atrevimento que não tem perdão, juntamos vários versos de Fernando Pessoa, Nirvana e Miguel Torga para relembrar que a identidade pode morrer silenciosamente, não porque se deixa de respirar, mas sim porque se deixa de viver.
1“Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer”
2E “quando falei nos seus olhos
Pensei que tinha morrido sozinho
Há muito, muito tempo”
Porque 3“Me confesso o bom e o mau
Que vão ao leme da nau
Nesta deriva em que vou”
Porque são sou ninguém, sou todos.
Porque não quero que me vejam como morto se estou vivo.
1- Fernando Pessoa / Álvaro de Campos “Tabacaria”
2 – Nirvana “The man who sold the world” – MTV Unplugged (clicar no título) – I spoke into his eyes / I thought you died alone / A long long time ago” – tradução livre
3 – Miguel Torga em o Livro de Horas “[…]Me confesso o bom e o mau / Que vão ao leme da nau / Nesta deriva em que vou.(..)”